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DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL IMPACTA ATIVIDADES TRADICIONAIS

Em Noticias by Observatório São João da BarraDeixe um Comentário

Agricultura, pesca artesanal e artesanato sofrem impactos diretos dos empreendimentos

O desenvolvimento industrial no 5º Distrito de São João da Barra vem precarizando a agricultura familiar, a pesca artesanal e o artesanato, além da perda de território. Uma agricultora familiar relatou que: “Tudo isso está acontecendo, é devido a instalação dos empreendimentos no município e o descaso do poder público”. Agricultores familiares estão perdendo parte de suas terras e outros toda a sua propriedade que mantinha o sustento de sua família. Pescadores artesanais também estão perdendo o acesso aos rios, levando-os a buscarem o peixe em rios desconhecidos e a pescar em outras cidades. Já as artesãs também não conseguem ter acesso a principal matéria prima, pois dependem dos rios para realizar seu trabalho através da extração da tabôa.

 

O Porto do Açu após sua instalação, implantou o  Parque Estadual da Lagoa do Açu (PELAG) como forma de compensação, gerando conflitos para os sujeitos prioritários, que não conseguem mais extrair a matéria prima dos rios, pois é uma área de preservação ambiental e a extração tornou-se proibida. “Em pouco tempo estamos perdendo nossas terras, perdendo acesso aos rios que sempre pescamos tudo por conta dessas construções que está dificultando cada vez mais o nosso trabalho, nosso sustento”, relatou um pescador. Assim também não só o PELAG, mas novos empreendimentos, como as usinas termelétricas, com passagem da linha de transmissão nas terras do agricultores familiares em Água Preta. E isto gerou conflitos deixando um agricultor ferido com o uso da força policial. A construção do Aeroporto para atender a indústria de petróleo e gás também é um grande impacto que Água Preta e Campo da Praia vivem, com grandes riscos e a perda territorial trouxe à tona a falta de diálogo com comunidades que são vizinhas ao Porto. Agricultores familiares relataram que “Ninguém foi informado sobre essa obra do aeroporto, não vi nenhuma notícia. Chegaram e se instalaram, simples. É um trabalho precários que eles fazem ali.”

O desenvolvimento industrial também tem afetado os pescadores artesanais do 5° distrito que tem como local de trabalho a Lagoa de Iquipari, que hoje está dentro  da  Reserva Particular do Patrimônio Natural Caruara (RPPN Caruara) no qual restringe o acesso livre dos pescadores artesanais a lagoa. “Sempre pesquei na Lagoa de Iquipari para sustentar minha família e nunca faltou peixe na lagoa, aprendi com o meu pai a pescar, agora vejo tudo se perder até chegar a extinção dos pescadores artesanais.”, relata o filho do pescador. São impactos no qual são visíveis, no levantamento desse ano, feito pelo Observação São João da Barra, onde  pescadores de várias localidades do município relataram os conflitos como: perda de território, exclusão da mão de obra,  precarização de trabalho e especulação imobiliária. Pescadores artesanais, agricultores familiares e artesãos relataram que sempre quando o Porto do Açu quer fazer uma nova instalação abre um breve diálogo e levam muitos ‘na conversa’, instalam o empreendimentos e uma vez instalado começam expandir essas obras ficando cada vez maiores e tomando conta das terras e das estradas.

 

RODOVIA NOVA E DÚVIDAS

Novo acesso para São João da Barra, a RJ-244 — rodovia que faz parte do Lote 1 do programa de concessões na área de infraestrutura do governo do estado do Rio de Janeiro. O traçado de 42 quilômetros ligará a BR-101 e o “Contorno de Campos” ao Complexo Portuário do Açu, essa facilitação logística beneficiará as empresas de petróleo e gás, energia, serviços e mineração já instaladas no Porto. Os grupos tradicionais das comunidades temem que essa rodovia irá prejudicá-los ainda mais nas questões de terras e também a incerteza do pedágio que será instalado. “Quando pensamos que vão nos beneficiar vem a incerteza do que está por trás de tudo isso”. Relata Josiane Machado, a rodovia irá passar por comunidades importantes e irá cortar Campos até o Complexo portuário do Açu.