Luta coletiva impede o cancelamento da festa
Nos dias 11,12 e 13 de Outubro, aconteceu a tradicional Festa do Feijão no Galpão Socioambiental Pau-brasil, em Cantagalo, após varias reuniões entre a Secretaria do Turismo, Instituto Federal Fluminense (IFF) e os agricultores familiares, ficou decidido que a festa teria um resgate da sua origem, somente com a participação dos agricultores familiares. Com o valor cobrado pelas barracas sendo negociado por todos os envolvidos e com os pratos sendo elaborados somente por eles, a festa teve aceitação dos agricultores familiares e moradores de Cantagalo. Em anos anteriores os valores das barracas , estavam fora da realidades financeiras dos agricultores familiares, chegando em media de R$5000,00, ficando assim viável somente para os grandes restaurantes da cidade, além de perder a sua essência, pois pratos típicos do feijão não eram oferecidos nas festas anteriores, assim os agricultores foram vendo a sua festa, que na essência era para celebrar a colheira se descaracterizando, tornando apenas mais um evento. Para que essa festa acontecesse, a prefeitura colocou varias imposições aos agricultores, que foram todas cumpridas.
Algumas imposições feitas pela prefeitura, somente foram cumpridas, pois os agricultores tiveram o total respaldo do IFF, pois os agricultores não teriam estrutura para tantas exigências, segundo o Agricultor familiar Iltair Drumond,” as exigências eram um meio de cancelarem a festa do feijão, pois em anos anteriores, com a participação dos grandes restaurantes, não tinham tantas burocracias, e os agricultores poderiam perder a sua festa, igual fizeram com a festa de São Pedro, uma festa dos pescadores, que acabou saindo do calendário da Prefeitura”.
Uma das imposições dos agricultores, foi o espaço cultural, instalado na entrada do galpão, que os visitantes puderam conhecer melhor, como o Projeto de assentamento Cantagalo foi criado, e assim reforçando a importância da agricultura familiar para região. Os agricultores familiares tiveram como vender seus produtos diretamente para o consumidor final e assim divulgando as suas plantações . Com a real finalidade ,essa festa foi criada para comemorar a colheita , e com o passar dos anos sofreu a descaracterização, tornando assim apenas mais uma festa no calendário do Município, por esse motivo os agricultores de mobilizaram e se organizaram para essa retomada da tradição.
Em uma parceria com o Instituto Federal Fluminense, os agricultores familiares se qualificaram em cursos como: Boas Praticas de Higiene, planejamento do cardápio, técnicas para o preparo de pratos exclusivamente preparados com feijão, marketing e hospitalidade. Em contrapartida a Prefeitura colocou: segurança, mobilidade urbana, banheiros químicos, palco e estruturas para tenda central. A festa contou com shows e concursos promovidos pelas escolas municipais de Cantagalo, acontecendo assim um entrosamento entre comunidade e escola. A noite contou ainda com a receita do brigadeiro do feijão, criada exclusivamente pelos alunos da escola agrícola.
Importância da soberania alimentar
Segundo relatos da agricultora familiar Sandra Bandeira, “Essa festa foi um passo importante para a valorização da agricultura familiar, pois depois de muita luta, a festa voltou para as mãos dos agricultores. Provamos que temos capacidade de alimentar o público dessa festa apenas com produtos produzido em Cantagalo. O que antes era ocupado, apenas pelos grandes restaurantes, e hoje foi ocupado pelos reais protagonistas”. Em outro relato da agricultora familiar Patrícia Franca, ” Esse foi apenas o primeiro passo para a retomada da nossa festa, nos começamos com barracas de bambu, e eles tomaram nosso espaço, agora com o apoio do Instituto Federal Fluminense, PEA Observação e os agricultores organizados, nos vamos resgatar o que é nosso de direito, agora que vimos que deu certo, não vamos parar “.