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AUDIÊNCIA PÚBLICA DISCUTE IMPLEMENTAÇÃO DE RODOVIA

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Foi discutido também a questão de desapropriação e indenizações não pagas

Com 5 horas de duração a audiência pública sobre a RJ-244 em seu primeiro momento abordou algumas questões do passado. Em relação ao projeto da rodovia, as desapropriações irregulares, as indenizações não pagas, foi reconsiderado a audiência pública acontecer no distrito que será o mais impactado  — o 5° distrito de São João da Barra. A Prefeitura e os agricultores familiares presentes solicitaram uma resolução dos problemas com o Estado, fazendo assim constar na ATA da audiência pública o pedido de articulação do Estado, Município, Defensoria Pública e demais órgãos judiciais para atender as demandas dos pescadores artesanais, agricultores familiares e artesãos que foram desapropriados.  Grupo este que não recebeu indenizações e para que as estâncias públicas possa suprir as necessidades dos distritos impactados pelo Porto do Açu. A audiência pública aconteceu no dia 18 de Fevereiro de 2020 em São João da Barra, onde estavam presentes: a prefeita de São João da Barra, Carla Machado, superintendente de Logística e Transporte do Estado do Rio, Célia Dalmo, Executivo do DER-RJ, Fontenelle, Subsecretário de Desenvolvimento econômico do Estado do Rio, Gilmar Viana e representante do Consórcio do Porto do Açu, José Lucas. Cerca de 60 pessoas acompanharam está audiência.

 

Audiência Pública sobre RJ 244 – Câmera de Vereadores de São João da Barra – Frame do vídeo.

A prefeitura e os sujeitos prioritários (pescadores artesanais, agricultores familiares e artesãos) informaram ao Estado sobre a necessidade de rever as licenças que foram dadas aos empreendedores para que possam ter um acompanhamento se todas as compensações estão sendo cumpridas, porque a prefeitura não detém mais os históricos desses empreendimentos para repassar aos munícipes e aos sujeitos prioritários as informações que os interessam. O Ministério Público Federal (MPF) cobrou da prefeitura, após uma ação movida por agricultores familiares, pescadores artesanais, artesãos e associações, sobre as licenças que foram dadas ao empreendedores, pois São João da Barra não estava mais sendo favorecido nas questões das compensações.  Durante a audiência foi apresentado o projeto da RJ 244, o objetivo do Estado é que a rodovia seja preponderante a transporte de cargas. O inicio de operação está prevista para 2024, com investimento de R$595 milhões.

Diante de todo o decorrer da audiência só se falava dos benefícios para o complexo portuário, em entrevista com sujeitos prioritários da localidade de Água Preta, por onde a rodovia irá passar, eles afirmam: “Essa rodovia será totalmente do Porto, não adianta falar que é para facilitar em um todo, sabemos com quem estamos lidando, ainda falam de pedágio nessa rodovia, quanto que custará? Sabemos se vamos usufruir dela?” São dúvidas em todo o 5° distrito de São João da Barra, agricultores temem perderem suas terras e se tornarem a localidade de Barra do Açu, com águas e solos salinizados com a influência e a pressão industrial tomando conta do território. “Vai prejudicar ainda mais nosso trabalho, nosso ganha pão”. Relata a agricultora familiar que não quis ser identificada, por medo de represálias por relatar o que vive.

 

FERROVIA

O Porto do Açu estuda a possibilidade de construir uma ferrovia que ligará ao Estado do Espirito Santo. Agricultores familiares tem preocupação com a construção desse empreendimento: “É a incerteza do plantio, como será amanhã? Não sabemos, com esse porto temos como companheira a incerteza de plantar, viver e colher”. O Ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, anunciou que tem como prioridade levar a ferrovia ao Porto do Açu, passando pelo Comperj. Segundo a Porto do Açu Operações, a previsão é que conte com acesso ferroviário a partir de 2026.

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MANEJO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL DESCONSIDERA COMUNIDADE QUILOMBOLA

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Área de sobreposição em unidade de conservação de proteção integral gera conflito com quilombo de Baía Formosa

A falta de um plano de manejo adequado para a Área de Proteção Ambiental APA Pau-Brasil, unidade de conservação estadual no município de Armação dos Búzios que deveria incluir a comunidade quilombola de Baía Formosa, está gerando um desconforto às famílias da comunidade que buscam melhores condições de vida junto ao seu território. Além de sofrerem com a sobreposição dos limites de outro parque estadual,  da Costa do Sol (PECS), o poder público alega que construções irregulares põe em risco a preservação ambiental da área e ameaçam a derrubada de casas que estão dentro dos limites da área de preservação ambiental.

Moradores se mobilizam para esclarecer as causas da atuação do INEA na comunidade

No dia 27 de junho de 2019, agentes do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) chegaram na comunidade com ordem para derrubar duas construções irregulares, alegando que estão dentro da área do Parque Estadual Costa do Sol. Este fato levou a comunidade a buscar esclarecimentos junto ao Ministério Público Federal e ao Incra como forma de apaziguar a situação.

Em conversa com o representante do INEA, foi verificada a existência de uma notificação alegando que naquela área do Parque não poderiam ser feitas construções. Trata-se de uma sobreposição entre o território quilombola de Baia Formosa e as Áreas de proteção Ambiental (APA) Pau-Brasil. Em visita ao local, o procurador Federal e representante do Incra, Diogo Tristão, deixou claro que a área onde estão as construções está dentro da área que está sendo reivindicada no processo de regularização para a titulação das terras do quilombo. Existe uma proposta do Incra de fazer um zoneamento diferente, levando em consideração a APA Pau-Brasil, no entanto é um processo demorado que é realizado juntamente com os membros do conselho da APA. O procurador da República, Leandro Mitidieri, em visita no local, afirmou que para o Ministério Público Federal não é necessário que haja qualquer diminuição da proteção ambiental. Ele entende que pode continuar sendo uma área protegida, seja de proteção integral ou de uso sustentável, porém o que precisa estar definido é que a presença da comunidade deve estar assegurada constitucionalmente e o que se pode discutir é o manejo dessa área junto com a comunidade.

Comunidade exige novos estudos 

Segundo relatos de moradores houve alagamento anos antes o que levou as famílias a buscarem locais mais seguros para construir suas casas. A comunidade se encontra na área muito antes da criação do Parque Estadual Costa do Sol, em 18 de abril de 2011. Na época de estipular os limites do parque houve uma reunião fechada onde discutiram quem estaria dentro ou fora, mas a comunidade não foi avisada.

De acordo com estudos antropológicos, tecnicamente a família que se constitui em pai, mãe, filhos, a partir do momento em que os filhos crescem se tornam outra unidade e é preciso construir outra moradia. No caso da comunidade de Baía Formosa, as casas já possuem uma aproximação considerável, não tendo espaço para mais casas. De acordo com agente do Inea, é preciso estabelecer um limite, pois mesmo que a comunidade aumente, é preciso haver proteção das áreas de conservação ambiental. Uma proposta feita pelo procurador da República, Leandro Mitidieri, diante do crescimento normal da comunidade seria manter sempre um canal de comunicação entre os órgãos responsáveis, mantendo-os sempre informados a respeito de futuras construções. O relatório antropológico já em andamento para a realização do processo de titulação das terras quilombolas, servirá de base para estipular o crescimento da comunidade e o limite da área que poderá ser utilizada pela comunidade. O relatório antropológico parcial, o cadastro das famílias e um mapa preliminar, dará uma tranquilidade para se chegar a um acordo entre Inea e a comunidade. A Associação dos Remanescentes do Quilombo de Baia Formosa, também se comprometeu a fiscalizar a área, assegurando que não tenham outras pessoas que não sejam quilombolas dentro das terras destinadas à comunidade.