Ver Postagem

TAMANHO DO CAMARÃO DIMINUI APÓS O PERÍODO DO DEFESO

Em Noticias by Observatório NiteróiDeixe um Comentário

Camarão-rosa é uma importante fonte de pescado para os pescadores artesanais da Ilha da Conceição

No início do mês junho, logo após o período de defeso do camarão, os pescadores artesanais da Ilha da Conceição relataram uma diminuição no tamanho do camarão-rosa nas águas da Baía de Guanabara. Historicamente, o camarão-rosa é uma importante fonte de pescado para este grupo tradicional. O período de defeso do camarão no Rio de Janeiro, quando fica suspensa a pesca de algumas espécies durante um determinado tempo que se refere a reprodução ou recrutamento das mesmas, ocorre durante os meses de março, abril e maio. Segundo o IBAMA (IN nº 189/08) as espécies envolvidas, não podendo ser pescadas nesses meses são: camarão-rosa , camarão-sete-barbas, camarão-branco, camarão-santana ou vermelho e o camarão-barba-ruça. Na Baía de Guanabara, de acordo com o Diagnóstico do Estado da Baía de Guanabara, podemos encontrar diversas espécies: camarão-rosa; camarão-legítimo; camarão-sete-barbas; camarão-ferrinho; camarão-listrado; camarão-cristalino; camarão-preto. 

Camarão-rosa. Foto: Flávia Gomes

Espera-se que, durante os meses seguintes ao encerramento do defeso, as espécies possam desenvolver-se até chegar a sua forma adulta. Nesse levantamento de dados da atividade pesqueira na Baía de Guanabara, os meses de setembro à março aparecem como os melhores para a pesca do camarão. Correlacionando esse período ao do defeso, observa-se um espaço de tempo desde maio – mês do fim do defeso – até setembro, momento em que o camarão consegue atingir diferentes fases da vida e continua a se desenvolver.

O ciclo de vida do camarão-rosa, ocorre basicamente com reprodução, desova e fase adulta no oceano. No caso da Baía de Guanabara, o camarão permanece nela na reprodução e desova, em seguida as pós-larvas migram para os manguezais e se assentam, dali, quando atingirem a fase sub-adulto migram novamente para a Baía. 

Possíveis impactos sobre o ciclo de vida do camarão

Diversas causas podem gerar impacto na Baía de Guanabara que vão atuar sobre o ciclo de vida do camarão. Todos os dias a urbanização cresce, há avanço no desenvolvimento tecnológico e industrial. Além disso, estudos recentes apontam sobre a diminuição dos recursos pesqueiros em todo o Brasil estarem enfrentando uma pesca que ultrapassa a capacidade das espécies de se reproduzirem, fenômeno conhecido como sobrepesca, sendo o avanço da pesca industrial um dos seus principais agentes. O camarão-rosa, por exemplo, é uma das espécies alvo tanto da pesca artesanal, quanto da industrial.

O camarão-rosa pode aumentar sua abundância, sendo um fator positivo para a pesca, de acordo com a sazonalidade e salinidade do local em que está inserido. Em relação a sazonalidade, o camarão-rosa se sobressai para pesca em períodos menos chuvosos ou seco como apontam pesquisas. O mês de março, início do período do defeso no Rio de Janeiro, é em uma época que tem altos volumes de chuvas no estado por estarmos na estação do verão. Quanto à salinidade, o mesmo estudo teve resultado de salinidade maior em períodos menos chuvosos, e menor em períodos mais chuvosos. 

Todos esses fatos (avanço tecnológico, sobrepesca, sazonalidade, salinidade) contribuem para o entendimento das possíveis causas da diminuição do tamanho dos camarões, como foi relatado pelos pescadores da Ilha da Conceição. Para se ter o motivo concreto e melhor compreensão, devem ser feitos estudos de monitoramento das espécies e as variáveis ambientais no local em que estão.

Ver Postagem

BARCO AFUNDA NO “CAIS 88” DA ILHA DA CONCEIÇÃO

Em Noticias by Observatório NiteróiDeixe um Comentário

Outras três embarcações abandonadas no local estão sob risco de submergir

Um barco afundou no Cais 88, localizado na Ilha da Conceição, em Niterói, no dia 6 de junho. De acordo com o pescador Luis Cláudio do Carmo, o nome da embarcação é “Rosane Moura”, e há, ainda, três outros barcos de pesca industrial estão sob o mesmo risco no terreno conhecido como “88”, que foi comprado no começo de 2019 pela empresa Brasco Logística Offshore. “A Brasco pegou o terreno da 88 e deu um prazo pra retirar os barcos. Isso foi em primeiro de março. A Brasco tava dando um tempo pro pessoal se arrumar pro lado de cá pra pegar o terreno deles. Foi aí que deu essa confusão toda aí de barco afundando”, relatou o pescador.

Embarcação Rosane Moura no cais 88

Dias antes da embarcação afundar, Luis Cláudio esteve na sede do Observação Niterói para que informasse à Capitania dos Portos sobre o risco da embarcação afundar, porém o órgão militar apenas responder e informou estar ciente do caso. Segundo o pescador, a Brasco retirou o barco do fundo, mas, após alguns dias, a embarcação afundou novamente por falta de manutenção.

Abandono de barcos e impactos ambientais

O abandono de barcos e carcaças no entorno ou proximidades da Ilha da Conceição é um problema que vem impactando a região com o aumento dos resíduos sólidos submersos, como estruturas metálicas e de madeira, e vazamentos de óleo.

– O barco afundou de novo porque tava entrando água. Tem que fazer carreira, fazer obra. Quem vai fazer? Aí vai vazando óleo, tem que botar barreira, o óleo rapidinho pula fora, logo sobe – explica o pescador Luis Cláudio.