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QUILOMBO SEM TERRAS NÃO PRODUZ SEU PRÓPRIO ALIMENTO

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Comunidade de Baía Formosa sente os impactos do novo coronavírus (COVID-19) enquanto ainda luta por suas terras
A comunidade quilombola de Baía Formosa vem sofrendo os efeitos cada vez mais intensos diante da dificuldade econômica e a necessidade de isolamento de famílias inteiras desde que foi decretado o estado de calamidade pública, no município de Armação dos Búzios, em 22 março de 2020, devido à pandemia do coronavírus (Covid-19). Esta é uma medida de prevenção e barreira para impedir uma maior disseminação da doença. No entanto, a falta de planejamento e garantias por parte das autoridades públicas, que levem em consideração a especificidade das comunidades quilombolas, fazem com que essas famílias busquem apoio no modo de vida tradicional se adaptando a atual realidade da comunidade.

Distribuição de álcool gel doado para comunidade quilombola de Baía Formosa, em Búzios

A falta de acesso ao território quilombola torna-se um empecilho ainda maior nesse tempo, pois sem espaço adequado para o cultivo de produtos agrícolas, que seriam uma garantia para o sustento de muitas famílias, a comunidade se encontra a mercê da precariedade das políticas públicas destinadas às populações mais vulneráveis. Informações sobre o auxílio emergencial liberado pelo governo tem amenizado a preocupação das pessoas, além de cadastros realizados pela prefeitura municipal para a distribuição de cestas básicas de alimentação para as famílias mais necessitadas.

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), como movimento social popular nacional de representação das comunidades quilombolas, manifestou, através de requerimento ao Congresso Nacional, a suspensão de processos que afetam as comunidades quilombolas e que prossigam somente projetos de lei com urgência para solucionar problemas relacionados aos reflexos da pandemia do COVID-19.

Habilidades quilombolas no dia a dia afloram de maneira a amenizar os impactos do isolamento social
Longe de ser uma brincadeira, o atual momento requer atenção e cuidados especiais no trato com as pessoas durante a quarentena, período estipulado em aproximadamente 14 dias de isolamento referente ao contágio do vírus. Para alguns os meios de comunicação tem sido uma solução para enfrentar os dias confinados com brincadeiras em grupo, troca de experiências no cultivo do quintal e histórias de famílias.

Valquíria retira legumes da horta

“Hoje foi um dia corrido para mim, estou aqui na roça plantando e cortando árvore. Aqui tenho batata, aipim, abóbora e banana, plantei milho e feijão com a criançada em casa. Tenho que dar atividade aqui em casa, estamos voltando aos tempos passados onde cada um tinha uma tarefa diária. Tenho criação de galinha, preá e porco, onde coloco as crianças para cuidar: um coloca água, outro vai na roça pegar ração, no meio tem um que acha que tudo é brincadeira, eu me estresso, dou uns gritos e vamos levando os dias em casa na quarentena”, diz Valquíria da Conceição, quilombola de Baía Formosa.

 

“Está sendo um tédio, porém um mal necessário pela gravidade da doença. Alimentação tenho para alguns dias, depois só Deus sabe, pois trabalhava em um emprego informal, estou aqui preso dentro de casa sem emprego, com pouca comida e sem dinheiro. Se eu tivesse um pedaço de terra estaria plantando, faria uma horta que é o mais rápido de colher.” Afirma o quilombola Luiz Carlos.

Esila costura máscara para distribuir para comunidade quilombola

A quilombola Esila Pereira, artesã da comunidade, se propôs a confeccionar máscaras caseiras para distribuir entre a comunidade. Não falta criatividade e a vontade de seguir da melhor maneira possível os dias que estão por vir.

 

 

Contudo um bom engajamento da comunidade com as entidades governamentais e demais órgãos ligados ao movimento quilombola, através dos meios de comunicação, se faz necessário nesse momento para que se possa dar continuidade aos processos ligados a regulamentação do território quilombola e fortalecimento da comunidade frente aos desafios apresentados na atualidade.

Prefeitura de Búzios fornece informações sobre o auxílio emergencial.

Serviço 
Doação para Quilombo de Baía Formosa para compra de cestas básicas e kit-higiene.

Titular: Elizabeth Fernandes Teixeira
Agência: 3825
Operação: 003
Conta: 1625-8
Banco: Caixa Econômica Federal
Armação dos Búzios
CNPJ: 19.798.168/.0001-12

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INCRA REALIZA ESTUDO ANTROPOLÓGICO NO QUILOMBO DE BAÍA FORMOSA

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Antropóloga visita comunidade quilombola e participa de mesa de debate ao lado de instituições e órgãos públicos que atuam na regularização fundiária

A antropóloga do Incra, Camila Moreira retorna a comunidade de Baía Formosa para estruturar relatório técnico que irá subsidiar a regularização das terras no quilombo de Baía Formosa.  Através de uma visita técnica de cinco dias, essa etapa é uma continuação dessa atividade para visitar famílias quilombolas e conversar com os mais velhos ouvindo suas falas e memórias, fazendo a cadeia dominial de cada família e levantando suas particularidades. Durante este processo tem surgindo mais informações relevantes para o relatório técnico para emissão do RTID, segunda etapa para alcançar a titulação.

Dona Hilda e Senhor Gentil contam suas histórias

Em uma das visitas foi comemorado o dia das comunidades quilombolas do município de Armação dos Búzios, com um evento promovido pela comunidade de Baía Formosa no dia 20 de abril de 2018 que reuniu diversos órgãos ligados ao movimento quilombola e aos Projetos de Educação Ambiental do licenciamento Federal. Representantes do INCRA, Fundação Palmares, INEA, ACQUILERJ (Associação de Comunidades Remanescentes de Quilombos do Estado do Rio de Janeiro) e CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) estiveram presentes compondo uma mesa de debates com os temas: Visibilidade das comunidades quilombolas e a questão ambiental e o território quilombola.

Mesa de debates: da esquerda para a direita, Representantes do Incra, Fundação Palmares, Inea-RJ, Acquilerj, Quilombo Baía Formosa e Conaq

Evento proporciona articulação entre a comunidade quilombola e alunos da escola  

Alunos da escola municipal Lydia Sherman apresentam Jongo

Nesse mesmo dia, o grupo de Jongo das crianças da Escola Lydia Sherman, fizeram uma apresentação para os participantes do evento, demonstrando a interação entre a comunidade e os alunos da escola. Isto é muito produtivo para o relatório antropológico onde mostra que a comunidade está interagindo e reafirmando o direito pela busca de seu território.