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EVENTO MUNICIPAL É LEMBRADO COMO FORMA DE REIVINDICAR DIREITOS QUILOMBOLA

Em Turismo by Observatório BúziosDeixe um Comentário

Comunidade realiza atividades no dia municipal do quilombola buscando dar visibilidade as suas ações

O turismo étnico ecológico realizada pelo Quilombo de Baía Formosa, participou do dia municipal do quilombola, comemorado no dia 16 de marco, através da lei nº 1.021 de 10 de setembro de 2014, que institui a inclusão desse dia no calendário escolar municipal de Armação dos Búzios.  Buscando a importância dessa data no calendário municipal, esta ação proporcionou a ligação entre a vontade dos visitantes de estarem vivenciando a cultura quilombola em uma vivência da cultura e costumes tradicionais do quilombo.

Circuito Ecológico leva visitantes a conhecerem a historia do quilombo em meio à natureza.

Entre os dias 14, 15 e 16 de março, o quilombo de Baía Formosa organizou atividades para receber cerca de vinte e uma pessoas de outros estados, como Minas Gerais, para realizar os circuitos do turismo étnico-ecológico e participar do evento sediado na comunidade. Estas ações foram desenvolvidas da seguinte forma: pela manhã roteiro em dois circuitos, cultural e ecológico e à tarde, após o almoço com a típica cozinha tradicional, roda de conversa, apresentação da Ciranda com as músicas locais e logo um debate sobre a importância da comunidade quilombola e seus desafios. Foram também exibidos videorreportagens realizadas pela própria comunidade relatando os atuais conflitos existentes sobre a regularização de suas terras.

O Dia Municipal do Quilombola é uma grande oportunidade para dar visibilidade as comunidades quilombolas de Armação dos Búzios e também para levantar a auto-estima desse povo para que estejam mais presentes no município, segundo a atual presidente da Associação dos Remanescentes do Quilombo de Baía Formosa (ARQBAF), Elizabeth Fernandes, que afirma,”sabemos que o município é rico, porém as comunidades quilombolas não tem visibilidade. Portanto, através desse dia temos uma oportunidade de levar as nossas reivindicações e chamando mais pessoas para estar junto conosco, apoiando a nossa luta pelo território e pelo social”.

Na ocasião, além dos turistas, estiveram presentes o ex delegado da capitania dos Portos de Cabo Frio, Jose Luiz Alves Serafim que foi um dos responsáveis pela elaboração do Termo de Ajustamento de Conduta ( TAC) no processo de conquista das terras do Quilombo da Marambaia em 2014 e o professor e diretor do Instituto Federal Fluminense (IFF) de Cabo Frio, Joilton Santos Mendes, que tem apoiado a comunidade com projetos de qualificação em turismo, historia, idiomas e gastronomia. Os assuntos discutidos nas rodas de debate ficaram em torno da necessidade de projetos que visem a qualificação, capacitação e geração de renda para a comunidade quilombola. O Coordenador de Etnia e Gênero, da secretaria municipal de educação de Armação dos Búzios, professor Bruno Rodrigues, enfatizou a elaboração de um decreto para a criação da Escola Quilombola afim de despertar o sentimento de pertencimento na comunidade e valorizar a cultura quilombola no município, com a implementação das políticas quilombolas dentro da escola. Outros assuntos relacionados com o desenvolvimento do turismo étnico ecológico, artesanato e a inserção dos jovens nas atividades relacionadas ao quilombo também foram abordados. Todos trouxeram discursos de apoio e contribuíram com exemplos e experiências que enriquecem a troca de saberes e incentivam os membros da comunidade.

O processo de criação da lei do Dia Municipal do Quilombola

Rodas de conversa expõe conquistas e desafios da comunidade

Foi através de representantes do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Armação dos Búzios em 2014 que surgiu o projeto que deu origem a Lei N°1021 de 10 de setembro de 2014, que instituiu o Dia municipal do quilombola. O conselho, que tem por objetivo formular, supervisionar, acompanhar e fiscalizar as políticas publicas e ações voltadas para a igualdade nas relações sociais de homens e mulheres negras e outras etnias deixou de funcionar ao longo dos anos e hoje continua extinto no município por falta de incentivo publico. Desde então também não houveram manifestações de reconhecimento dos quilombolas por parte das escolas nesse dia. Longe ainda de ser um dia de comemoração, se pode dizer que o caminho é longo e a caminhada lenta para se alcançar o verdadeiro reconhecimento da cultura quilombola no município.