QUILOMBO DE BAÍA FORMOSA NO PROJETO GEOPARQUE COSTÕES E LAGUNAS

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TERRITÓRIO QUILOMBOLA CARREGA PEDAÇO DA ÁFRICA 

O geoparque Costões e Lagunas traz em sua logomarca a história da relação geológica entre África e América do Sul, com destaque para o Brasil, assim como a relação entre os povos que ali habitam com suas histórias e tradições. De acordo com a pesquisadora Kátia Mansur o estudo geológico da região oferece um particular interesse para os quilombolas, pois remete diretamente à sua ancestralidade. Em termos geológicos a área em que vivem é terreno africano. Para entender um pouquinho mais sobre esta parte da história da Terra é preciso ir além da imaginação e perceber os vestígios deixados pelo tempo nas rochas da região. Uma longa história desde aproximadamente 2 bilhões de anos atrás até os dias de hoje remontam as paisagens e fornecem elementos essenciais para a construção da cultura local em seu tempo e espaço.

Formação rochosa comporta um nascente em Quilombo de Búzios

De fato o território quilombola geologicamente falando é africano. Esta afirmação gerou certo burburinho entre os participantes de um encontro promovido pelo Quilombo de Baía Formosa, no dia 7 de março de 2018, onde esteve presente Kátia Mansur, Professora e pesquisadora  do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pela elaboração dos painéis com informações geológicas do território de Baía Formosa. Estes painéis serão utilizados no projeto de turismo étnico da comunidade quilombola. Os painéis interpretativos abordam feições geológicas relacionadas aos aspectos culturais do quilombo. Na ocasião também estiveram presentes o representante do Projeto Caminhos Geológicos – PCG do DRM-RJ, alunos de Graduação e Pós-Graduação da UFRJ e representantes do movimento ambientalista de Búzios, além de representantes do quilombo e do PEA Observação Búzios. Este encontro teve como foco principal a capacitação educativa de membros do quilombo com relação as informações contidas nos painéis interpretativos. Foram discutidos temas como geoparques, geologia, educação, cultura e turismo.

Descoberta pode resgatar identidade com o território quilombola

Geoparque é um programa da UNESCO e diz respeito a um território com área geográfica unificada onde existem locais com importância geológica internacional, isto é, valor científico para melhor entender a evolução do planeta Terra. Envolve o conceito de gestão integrada, abordando geoconservação, investigação científica, educação acadêmica tanto nas universidades quanto para as comunidades locais do geoparque, sustentabilidade econômica, social e ambiental. É neste contexto que a comunidade de Baía Formosa se insere, como participante desse projeto através do turismo étnico cultural que está sendo desenvolvido pela comunidade a fim de garantir a valorização do território quilombola e sua tradição cultural frente aos desafios sobre a titulação das terras.