PESCADORES ARTESANAIS E A PERDA DE TERRITÓRIOS

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Arraial do Cabo possui uma área de RESEX-Mar (Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo), a qual tem como finalidade proteger a área marinha utilizada por pescadores artesanais, garantindo a estes as condições mínimas necessárias para a sua subsistência.

A cidade é conhecida como a capital do Mergulho, mas caminha para tornar-se a Capital do Passeio de Barco, pois turistas de todos as cidades da região  visitam-a com a finalidade de conhecer as praias e fazer o passeio. As atividades turísticas são fundamentais para a economia do município, principalmente após a diminuição dos royalties nos serviços públicos da cidade. Com a diminuição desse repasse muitas pessoas foram demitidas e atualmente vivem das rendas oriundas das atividades turísticas. (Fonte: G1. globo. com/RJ/região dos lagos- 03/02/2015).

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Fonte: alessandroteixeira.com.br

Prainha

Prainha

O turismo náutico utiliza as rotas da pesca artesanal e os “pesqueiros” para o mergulho e passeios de barco. O Jet Sky, Banana Bolt e Caiaques são utilizados nas praias como meio de diversão e as faixas de areia onde os pescadores utilizam para jogar suas redes e arrastar as canoas são ocupadas pela massa turística de beira de praia, inviabilizando a pesca.

Além disso, Arraial possui o Porto do Forno, o qual é municipalizado e desenvolve atividades referentes a cadeia produtiva do petróleo (off shore).

Porto do Forno em Arraial do Cabo

Porto do Forno em Arraial do Cabo

A perda do território dos pescadores artesanais é visível através dos conflitos entre as atividades econômicas. No dia 15 de janeiro houve muita discussão entre os barqueiros e os pescadores, após o pier 2 ter sido interditado devido a problemas em sua estrutura. Os barqueiros ficaram sem espaço para atracar seus barcos, invadindo o pier 1, o qual é destinado aos pescadores artesanais. O pescador “Xixinho”, com mais de 30 anos de pescaria, afirma:“Eu não tenho mais vontade de vir aqui. Esse lugar não é mais para nós pescadores. Acabaram com o nosso cais. Mas naquele Pier ninguém bota o barco”

As áreas terrestres também sofrem com a falta de espaço. Além de um tráfego intenso de moradores e turistas, caminhões com comprimento de 10 a 30 metros trafegam pelas ruas do centro, vindo do Aeroporto de Cabo Frio em direção ao Porto do Forno, transportando tubulações e utensílios destinados à indústria do petróleo.  Assim, os pescadores artesanais vão perdendo seus espaços marítimos para o turismo náutico e, em terra, para os turistas e veículos.  Para esses sujeitos prioritários é fundamental investimentos que incentivem a práticas como Turismo de Base Comunitária.